Quanto mais brilhante você é, tão mais você tem a aprender.

13h (horário de Brasília).
  Mesmo estando do outro lado da cidade quando me dei conta anotei o endereço errado ( era norte e não sul ), me convenço mentalmente que ainda há tempo enquanto corto a 90km as duas W3 - como se minha vida dependese disso - penso sozinha - dessa vez, tenho um plano B - como se isso me fizesse menos nervosa...
  O celular toca, não bastasse a imprudência de estar a 30km acima da velocidade permitida na viz, atendo. Uma ou duas perguntas bestas sobre ração, desligo. Virando a esquina, toca novamente, é ele, o namorado, atendo. Agora são perguntas sobre capuccino, enquanto respondo, sou atingida por um vento de medo ao ver tantos carros e pessoas aglomeradas a minha frente. Informo que tenho que desligar pois preciso fazer uma prova, desligo.
  Respiro, desço do carro, o vento que agora sopra é de calma - agora estou aonde deveria estar - penso em silêncio.
  Após três fileiras de multidões e dois lances de escada, adentro a sala, examino com um rapido olhar, poucas pessoas presentes, nenhum rosto conhecido. Mais alguns minutos se passam, começo a reconhecer alguns rostos, algumas mulheres tão ou mais persistentes que eu, só Deus poderia saber.
 Ao ter 44 pessoas ao seu redor dentro de uma sala - todas com maior ou superior gana pelo que você deseja - torcendo para que você tenha um ataque cardíaco e morra ali mesmo, não faz a mínima diferença para a sua vida.
  Você aprende a se importar com o tempo de prova, com as suas saídas ao banheiro, com sua redação bem escrita e suas contas corretas. Seu universo se resume a um caderno com questões, uma folha de respostas e uma de redação. Seu espaço é uma carteira escolar e suas ferramentas são canetas.
  Escuto uma conversa, duas meninas novas no inferno - que alguém apelidou de VESTIBULAR PARA MEDICINA - e começa novamente outra prova. Boa sorte!